quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Mil Dias Em Veneza.

Eu não passei mil dias em Veneza, mas bem que eu gostaria de passar. Para mim, Veneza é uma das cidades mais emocionantes que já conheci. Cheia de ruelas, becos, canais e pontes repletos de história, muita história. Isso me fascina! Mas não foi amor à primeira vista. Assim como na história de Marlena de Blasi, no livro Mil Dias Em Veneza, fui me encantando por essa cidade aos poucos.
Foi no ano de 2002 em que lá estive pela primeira vez. Foi uma visita um pouco solitária, pois tinha ido a trabalho e não conhecia muita gente, o que, provavelmente, me fez ter poucas recordações de lá.
Retornei dez anos depois, com uma pulga atrás da orelha, mas com muita curiosidade, já que meu modo de ver as coisas era certamente outro.
Primeiramente, vale esclarecer que Veneza não se resume ao conjunto de ilhas. Há também uma parte de Veneza localizada no continente, chamada de Veneza Mestre. Algumas pessoas preferem ficar no continente, porque os hotéis e estacionamentos são mais baratos do que na Veneza histórica. Quanto à hospedagem, eu particularmente acho que não vale a economia, pois faz parte dessa viagem se hospedar naqueles edifícios de quase mil anos de idade. Já quanto ao estacionamento, pode valer a pena.
Eu e meu marido chegamos a Veneza de carro. Como só é possível entrar na Veneza histórica a pé, deixamos o carro estacionado num dos vários parcheggi situados na Piazzale Roma. Não foi barato, gastamos um total de 100 euros mais ou menos para 3 diárias. Os estacionamentos em Mestre são mais em conta. Se você resolver estacionar por lá, pra chegar na Veneza histórica basta pegar um trem até a estação Santa Lúcia, que fica na Veneza histórica. O trajeto dura cerca de 10 minutos e custam alguns poucos euros (3 euros, se não me falha a memória).
Do estacionamento até o hotel foi uma verdadeira saga. Fazia um calor de 40 graus e, como eu e meu marido estávamos viajando por 30 dias pela Itália, eu tinha uma super mala e fiquei com preguiça de fazer uma mala menor só para Veneza. Afora esses dois detalhes, o hotel ficava a uns 2 km da Piazzale Roma. E, mais, as ruas lá são bem difíceis de se localizar, porque há uma lógica própria diferente do que estamos acostumados. Conclusão: meu marido carregou a mala maior e eu a menor, ele resmungava a cada degrau que tinha que subir e descer pelas pontes sobre os canais, enquanto eu não parava de rir de tanto nervoso. A gente suava em bicas, nos perdemos por diversas vezes e, quando conseguimos localizar o hotel, descobrimos que não havia elevador. O pior é que ficamos sabendo depois que o vaporetto, que saía da Piazzale Roma, parava do lado da rua do hotel. A dica então é: leve pouca bagagem, se possível, e verifique antes se o vaporetto para perto da rua do seu hotel.



Uma bela recepção na chegada.


Tive certa dificuldade para encontrar um bom hotel. Achava tudo muito velho e caro. Optei por um bed & breakfast, chamado La Villeggiatura. Um espetáculo! Novo, charmoso e limpo. O café da manhã é uma delícia. E os quartos são bem espaçosos. Ele fica localizado no último andar de um prédio residencial. A aparência do prédio pode assustar um pouco, porque é bem velho e não tem elevador, mas chegando ao andar do B&B, você simplesmente se esquece de todos os degraus que teve de subir. Pagamos cerca de 180 euros por noite para um quarto clássico. Achei um excelente custo x benefício. Mas, se você achar caro, indico uma opção mais em conta: Hotel Flora – diárias a partir de 130 euros.
Ao mesmo tempo em que fui escrevendo esse texto e me lembrando dos lugares por onde andamos em Veneza, também lia o livro de Marlena de Blasi. Fiquei estupefata quando li que Marlena sempre frequentava a Cantina do Mori, um bar que existe desde o século XV. Eu li a indicação desse bar num dos vários guias que ficam expostos na recepção do B&B. Dentre as várias opções, não sei por que escolhi esse lugar. É um bar bem rústico em que você come e bebe no balcão. Não há mesas. Os petiscos são uma delícia, assim como o vinho da casa. Indiquei esse lugar para algumas pessoas, sem saber sobre a sua história. Agora, fico feliz de lá ter ido e com vontade de voltar. Veja o trecho em que a autora Marlena descreve o bar:

“Como se a feira já não fosse dádiva suficiente, a Cantina do Mori se escondia ali perto, em uma ruga tranquila logo depois do centro do mercado. Eu adorava ficar dentro daquela sala estreita iluminada por lamparinas, admirando a divertida procissão que começava de manhã tão cedo que eu jamais conseguiria ver. Porém, as reprises eram intermináveis: peixeiros com aventais de plástico, açougueiros com jalecos sujos de sangue, agricultores que cultivavam alfaces e frutas. Quase todos os homens daquele desfile entravam pela porta a intervalos de cerca de meia hora e, hesitantes, se aproximavam do bar do século XV do mesmo jeito que mercadores, nobres e soldados vinham fazendo havia mais de 500 anos. [...] Muitas vezes eu era a única mulher presente, além das turistas ou da rara visita de alguma vendedora. Éramos todos atendidos por um homem simpático chamado Roberto Biscotin. Há 40 anos ele cozinha, serve bebidas e distribui seu sorriso Jimmy Stewart no mesmo estabelecimento. E sempre há cenas isoladas acontecendo no seu palco.
Os turistas japoneses pedem um Sassacaia a 30 mil liras a dose, os alemães bebem cerveja, os americanos leem seus guias de viagem em voz alta, os ingleses acham ruim não haver cadeiras nem mesas, os franceses nunca gostam do vinho, e os australianos parecem estar sempre embriagados. E todos eles são como papel de parede para os nativos.
Por volta do meio-dia, a feira se acalma, os clientes começar a voltar para casa e os feirantes vão cuidar do próprio apetite. Roberto está a postos com panini trufados, tramezzini de presunto cozido ou truta defumada, pedaços de queijo com cheiro forte, grandes travessas de alcachofra, pequenas cebolas em conserva envoltas em filés de anchova, e barris e garrafas de vinhos locais e não tão locais assim.
Durante o meu primeiro inverno, depois de a minha lealdade já ter sido observada por alguns meses seguidos, Roberto se oferecia para guardar meu casaco e minha sacola de compras cheia de produtos da feira na cozinha para eu ficar mais livre. Eu comia e bebia de acordo com o clima e com meus desejos, e me lembro de algumas das refeições feitas ali, de pé, como as melhores da minha vida.”

Enfim, não deixem de ir à Cantina do Mori!
Em Veneza, o legal mesmo é caminhar, caminhar, caminhar... De repente, por entre as andanças nas ruelas antigas, você pode se surpreender com uma lojinha, um restaurante ou um bar de mil anos atrás.
Numa dessas andanças, nos afastando da muvuca, indo em direção ao Giardini, eu acabei me deparando numa esquina com um barzinho simples e cheio de venezianos esquisitos: tinha uma mulher meio punk meio hippie que tomava uma bebida colorida e tava com uma cara bem “deprê”, tinha um casal de idosos que não se aguentavam sentados (imaginem de pé!) tomando um café, uma mulher com umas crianças malucas e um grupo de velhinhos que falavam alto no dialeto veneziano. Achei um sarro e, claro, sentei na última mesa que sobrava no terraço. Resolvi pedir a mesma bebida que a punk depressiva estava tomando. Chamava-se spritz. Eu nunca tinha ouvido falar dessa bebida que é típica de Veneza. A receita é água com gás, prosecco, Aperol e umas pedras de gelo. Uma delícia! Super refrescante! Depois de duas ou três, eu já estava rindo daquelas pessoas tão inusitadas. Enfim, não deixe de experimentar o spritz!



Áreas residenciais de Veneza.


Áreas residenciais de Veneza.


Têm dois restaurantes que nós fomos que nos chamou bastante atenção. Um é o Da Mamo, inaugurado em 1987, que fica numa rua bem estreita. Comemos uma pizza que estava uma delícia! Mas os pratos de massa também pareciam muito apetitosos. Vale muito a visita. O outro restaurante é a Osteria Al Pesador, que fica na beira do Gran Canale e que é bem agradável para o fim de tarde. A entrada e os pratos que pedimos estavam muito gostosos.



Veneza ao entardecer. (Flickr)


Se quiser fazer um programa diferente do roteiro tradicional, eu indico assistir a uma ópera no Palazzo BarbarigoMinotto. Trata-se de um espetáculo bem intimista com bons atores e cantores. Na minha opinião, vale muito a pena a experiência, mesmo pra quem não gosta de ópera (como eu! J).
Por fim, acho legal também conhecer outras ilhas mais tranquilas de Veneza, onde o turismo não é tão exacerbado e você pode vivenciar mais o dia a dia veneziano. Eu escolhi Lido para visitar, sobretudo, porque tem praia (e eu sou fascinada por uma praia!). Mas a praia de lá não é boa. O interessante é andar pelas ruas calmas e sossegadas, parar num café ou num restaurante e comer bem fora do burburinho. Tente voltar do Lido no entardecer. É lindíssimo pegar um vaporetto e chegar ao centro de Veneza contemplando o por do sol.

Parcheggi:

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Roma



Roma, “A Cidade Eterna”, merecia um texto com inúmeras dicas, se já não fosse tão bem conhecida por todos no mundo, até mesmo por aqueles que lá nunca estiveram. Falar sobre o Vaticano, Coliseu, Fórum Romano ou sobre a Villa Borghese me parece inútil. Logo, trago aqui poucas, porém boas dicas de Roma.
Estive em Roma apenas uma vez até hoje (pretendo voltar em breve!) e no mês mais tumultuado em qualquer parte do mundo: julho. Por conta disso é claro que a minha primeira impressão não foi das melhores. Como toda cidade turística de grande porte, Roma é bem suja nos meses de alta temporada (de junho a agosto). De fato, o Rio de Janeiro é um lixão a céu aberto no verão. Um tio do meu marido que é italiano e mora na Toscana disse que a melhor época para visitar Roma é em outubro, quando a cidade está mais calma, fresca e limpa. Fica aí então a minha primeira dica.
Por esse motivo, Roma não me encantou à primeira vista. Fui me maravilhando aos poucos com a cidade. Fiquei apenas 4 dias, nos quais em sua maioria fiz os passeios convencionais e outros nem tão convencionais assim.
No Vaticano, tive a “brilhante” ideia de subir na cúpula da Basílica de São Pedro. Conclusão: quase tive um ataque de pânico! Você vai chegando ao topo e a escada vai se estreitando e vai se inclinando, provocando uma vertigem horrível. Só há uma via a ser seguida, ou seja, para voltar você é obrigado a ir até o topo pra descer pelo outro lado. Praticamente não há janelas, só umas frestas por onde entra um pouco de ar e luz. É sufocante. Chegando lá em cima eu nem consegui curtir nada, só queria descer dali.
Enfim, se você não tem problemas com isso, vá em frente e suba a Basílica, pois a vista, segundo meu marido, é linda, mas, do contrário, evite!!!
A minha grande dica, que me incentivou a escrever esse texto, diz respeito ao Coliseu e ao Fórum Romano. Quando eu e meu marido estivemos lá, estava tão grande a fila para comprar o bilhete que decidimos comprar um tour com um dos vários guias que ficam do lado de fora oferecendo pacotes. Foi a melhor coisa que fizemos! Não só pela facilidade de não ter que entrar em fila nenhuma, mas principalmente por termos encontrado um excelente guia.
Eu não suporto essas coisas de guia, excursão, city tour etc., porque acho que eles mostram sempre o “basicão” e, além disso, o grande número de pessoas deixa o passeio tumultuado.
Mas essa ocasião foi diferente. O guia Alex Mariotti, um Americano de nascença, mas Italiano de coração (como ele próprio definiu), é um cara muito dedicado à sua proposta. Ele mostra os lugares com uma visão bem diferente dos guias tradicionais. Ele fala o tempo todo sobre como era a vida antigamente, o comportamento das pessoas e curiosidades do povo romano etc. Aliás, lembro dele dizer que ele era especializado em algo do tipo armas romanas. Só sei que ele sabe muita coisa interessante para passar aos que se juntam ao tour. Assim, a visita ao Coliseu e ao Fórum Romano foi bem diferente e valeu muito a pena!
Mas não foi só isso. O mais legal veio depois. Ele nos convidou a participar de um tour chamado Mysteries of Rome at Dusk: um tour que fala sobre os lugares não indicados nos guias de viagem, as esquinas escondidas etc. Veja a descrição do passeio pelo próprio Alex:

“No one leaves Rome saying “I missed the Colosseum or I never saw the Vatican”, but the things you do miss are what makes Rome so truly unforgettable. The fault lies with the maps that don’t print the side streets and the guide books that don’t mention them. With over 900 churches in Rome, how can you make a top one hundred list let alone a top ten? Let us show you sights, that few ever see and many save us, don’t have access to.
After 3 years of passing a small, often abandonded church, I struck up a friendship with the priest, asking why he had dedicated almost 40 years of his life to the church, he beckoned my perplexed group and I to the underground of the Basilica. Once there we were subjected to the church’s private collections of art, from unfinished Bernini’s, lost Renaissance masterpieces to holly relics. So started my quest to find the things no one ever sees.  This is what I want to show you, discoveries made over the last 5 years, through research, coincidence and often…pure luck. So here is my question…would you like me to introduce you to the real Michelangelo and through a death mask stare into his eyes for the first time? Would you like to be snuck into a crypt to see the tomb of two of Christ original apostles or perhaps solve  the riddle of Galileo? What about doing the unthinkable, the chance to rub your own hand across a Michelangelo and find proof that  he truly could turn marble to flesh? Then come and I guarantee by the time the tours done, when your sitting in a wonderful local area, with a good meal and glass of wine, you will know that no trip to Rome is ever your last.”
Alexander Mariotti
Dolce Vita Rome

Como você pode ver, de fato, é um tour especial. Eu posso dizer que foi demais e valeu muito a pena! Além de histórias e mais histórias que Alex conta, nós ainda podemos saber sobre o mistério da tumba secreta de Michelangelo e conhecer uma igreja feita totalmente das pedras do Coliseu.
Fica aí a minha grande dica!
Com relação à gastronomia, confesso que não foi em Roma que tive as melhores refeições. Não sei se foi por falta de dicas, ou se pesquisei errado. A comida lá não me pareceu tão bem tratada como no interior da Itália, onde talvez as pessoas vivam com mais calma e façam as coisas com mais vagar.
Mas, pra não dizer que não comi bem em Roma, tenho duas boas dicas. A primeira é o restaurante Su & Giù Cucina Romana – uma típica cantina familiar italiana. A comida é boa, o preço é justo e o ambiente acolhedor. Não deixarei de ir na minha próxima visita! A segunda dica é um restaurante de frutos do mar chamado Sapore di Mare. Achei uma delícia! E descobri ao final que os donos iriam abrir uma filial em Brasília. E, de fato, abriram: o restaurante aqui se chama Hostaria dei Sapori. Mas se você puder, visite a filial de Roma!
Tenho ainda mais uma dica de restaurante próximo a Roma, em Fiumicino. É o restaurante Al Porticciolo, onde também funciona um mini hotel. Também é específico de frutos do mar e é bem carinho, mas ele é muito cotado e a comida realmente é diferenciada. Valeu cada centavo!
Ah, por fim, deixo também as minhas dicas de hotel. Em Roma, percebi que não é muito fácil achar um bom hotel a um preço justo, mas como fuço bastante, acabei encontrando dois hotéis que me agradaram. Tem o Alimandi, que reservei para os meus pais, que simplesmente adoraram! E tem também o Home B&B, que reservei pra mim e pro meu marido e que achei excelente – muito limpo, novo e confortável.

Espero que com essas poucas dicas eu possa ajudar alguém!

quarta-feira, 24 de julho de 2013

O Fialho

                               

O Fialho foi sem dúvida uma das melhores experiências gastronômicas que já tive em minha vida. O restaurante fica localizado na cidade histórica de Évora, em Portugal, na Travessa dos Mascarenhas, nº 16. Logo se percebe que O Fialho não é daqueles lugares quaisquer. É um lugar especial. Lá não se serve pouca comida, não há combinações mirabolantes, o prato não parece uma obra de arte e os preços não são estratosféricos. Por isso mesmo que ele não está entre os melhores da lista Michelin ou da revista Restaurant. Mas também quem disse que eles sabem de tudo?
Conheci O Fialho por acaso, ao ler uma reportagem no jornal O Globo em que dizia que o restaurante era um dos favoritos de Fernando Henrique Cardoso. Tempos depois, ao assistir uma entrevista com o ex-presidente, ele reforçou a preferência pelo lugar e ainda acrescentou que talvez fosse o melhor restaurante em que já comeu na vida. Nessa hora não tive dúvidas, pensei comigo: tenho que ir ao O Fialho.
Estava indo para a Europa no ano seguinte. Não iria passar por Portugal, mas tudo mudou depois dessa brilhante dica, o que me fez adicionar o destino no roteiro. Definitivamente, não me arrependi! Pelo contrário, teria ficado muito triste se não tivesse feito essa mudança de rota.
O restaurante é um espetáculo! A começar pelo serviço de excelência e pela simpatia dos funcionários. Eu e meu marido estávamos tão ansiosos com a experiência, que chegamos meio dia em ponto. Ainda estava fechado. Só abria às 13 horas. Um dos funcionários falou para nós voltarmos que uma mesa estaria reservada para a gente.
Às 13 horas estávamos nós lá novamente como cachorros famintos e, para nossa surpresa, a mesa já estava posta, com entradinhas de todos os tipos. Achei o máximo! Sim, eu gosto de ser mimada. De cara eu fiquei encantada.
Mas eu tive certeza absoluta de que este era um dos melhores restaurantes da minha vida, quando comi um polvo à vinagrete de entrada. Ele simplesmente desmanchava na boca. Nunca comi um polvo assim. Já fui a vários restaurantes renomados e nenhum conseguiu essa proeza.
Escolhemos um vinho indicado pelo garçom, que estava uma delícia! O meu prato principal foi um borrego assado no forno com batatas regado num molho divino. Eu confesso que nunca tinha sentido tanto sabor numa comida. Meu marido pediu uma carne de porco com purê de aspargos, que segundo ele estava animal! Gastamos no total cerca de 120 euros. Para um restaurante desse nível, não achei caro.
A experiência foi tão incrível que convenci meus pais e meus cunhados a irem lá. Adivinhem: eles amaram!!!

Não satisfeita, voltarei lá daqui a uma semana, me hospedarei em Évora só para almoçar (e quem sabe jantar também!) no O Fialho mais uma vez. Sem dúvida, trarei notícias sobre como anda o melhor restaurante do mundo, a meu ver.










segunda-feira, 15 de julho de 2013

As Maravilhas da Armênia - Um País Milenar.

A não ser pelos milhares de imigrantes armênios no Brasil, eu nunca tinha ouvido falar muito bem da Armênia. Trata-se de um país consideravelmente pequeno da Ásia Oriental e que parece um pouco esquecido.
No entanto, a Armênia guarda muitas maravilhas históricas e paisagens de tirar o fôlego. Nesse texto faço uma compilação de diversas pesquisas que fui fazendo ao longo de algumas semanas em razão da curiosidade que esse país me despertou e que certamente um dia ainda visitarei!
Tornei-me mais familiar com a Armênia depois que estive no restaurante Saint Marie, localizado na zona sul de São Paulo, no bairro Vila Sônia. O chefe Stephan Kawijian é Libanês, mas tem origens na Armênia e já morou também na Líbia.
Ele me contou que o seu avô era da Armênia, mas teve de fugir de lá por volta de 1915 devido à chamada Revolução dos Jovens Turcos, movimento que visava reformular o Império Otomano e que provocou uma verdadeira matança (mais 1,5 milhões de pessoas) e deportação forçada do povo armênio (atualmente, há mais armênios morando no exterior do que na própria Armênia).
Pesquisando mais tarde descobri que esse brutal genocídio não é reconhecido por muitos países e que a revolução acabou provocando a perda de aproximadamente 80% do território originário da Armênia.
A mescla de comida e história que encontrei no restaurante Saint Marie me inspirou a escrever sobre a Armênia, considerada por muitos historiadores como o berço da civilização, onde se localizou o Jardim do Éden e onde encalhou a Arca de Noé.
Bom, a começar pela minha fonte de inspiração, tenho a dizer que o restaurante Saint Marie é um lugar simples com comida de primeiríssima qualidade! Na verdade, nunca tinha comido uma comida árabe tão gostosa! As esfihas, tão comuns de se achar por aí, são especiais e incrivelmente saborosas. O moussaka é divino! E tem um tipo de carne seca armênia, chamada Basturma, que é muito, muito boa!!! Quem gosta de apreciar uma comida diferente e muito bem feita precisa fazer uma visita ao Saint Marie! A minha dica é: no sábado – domingo fecha – chegue mais tarde, por volta das 15 horas, pois fica bem cheio.





Melhor moussaka que já comi



Basturma


A Armênia, atualmente, me parece um país relativamente tranquilo para se visitar. Embora tenha passado por muitas épocas tensas no passado, hoje abriga um povo simpático, receptivo e pacífico. Faz fronteira com o Irã, mas não acho que seja impeditivo.
A moeda oficial é o Dram Armênio – 1 dólar vale 408,5 dram. A capital é Yerevan. O turismo na Armênia é bem diversificado, lá é possível visitar muitos lugares históricos, religiosos, de natureza e até se deliciar no turismo enogastronômico.
Chegando pela capital, uma paisagem que já emociona é a vista do Monte Ararat, que, embora seja visível de vários pontos da cidade, fica localizado em território turco. É bem ali que, segundo a bíblia, a Arca de Noé estaria localizada. Aliás, há cientistas que já afirmaram tê-la encontrado.
Yerevan, localizada a apenas cerca de 50 Km do Monte Ararat, parece ter uma só cor: rosa. É isso que dá graça às edificações da cidade, as quais são em sua maioria grandes blocos iguais sem muita beleza arquitetônica, já que datam do período soviético. O tom rosado se deve à cor das pedras utilizadas nas construções, conhecidas como pedras-tufo. Na minha opinião, o contraste da cor rosada da cidade com o formato socialista/comunista das construções é o que a torna interessante para nós brasileiros.



O Monte Ararat visto desde Yerevan


Percebem a tonalidade rosada das construções?


Mas quando viajo, o que mais gosto de fazer é andar pelas ruas, sentar num café, observar as pessoas e a atmosfera do lugar. Em Yerevan eu não faria diferente. Os armênios são muito alegres, festivos e comunicativos, de modo que sentar numa praça ou num café pode acabar rendendo muita conversa com os locais, ainda que só por gestos! Há muitos cafés e restaurantes na cidade dignos de uma visita tanto quanto os estabelecimentos Europeus o são.
Um lugar que me parece imperdível na capital Yerevan é o Museu do Genocídio, referente ao massacre do povo armênio pelos turcos, acima mencionado. Aliás, essa questão é extremamente delicada para os Armênios. Tomem cuidado ao mencionar alguma coisa sobre isso!
Com relação aos vinhos armênios, só para vocês terem uma ideia, a produção lá é milenar. Pesquisadores da Universidade da Califórnia descobriram nas montanhas da Armênia, numa vila chamada Areni, uma vinícola de mais de 6 mil anos. Segundo a reportagem da Revista Galileu, foram encontrados num complexo de cavernas em Areni um tonel para prensar uvas, jarros de fermentação e até um cálice. Esta é a vinícola mais antiga a ser descoberta.
Portanto, provar vinhos armênios e visitar suas vinícolas pode ser não só um passeio gastronômico, mas também um passeio histórico.
Não é por acaso que a região de Areni, localizada a aproximadamente 100 Km da capital, é hoje um dos lugares na Armênia onde se concentram as melhores produções vinícolas do país.
Outro lugar onde também se localiza grande parte da produção de vinhos no país é o vilarejo de Getap, que fica mais próximo de Yerevan, a cerca de 20 Km de distância.
A visita a essas duas vilas é válida não só pelos vinhos, mas também pela beleza cênica da região, pelos lugarejos primitivos que parecem parados no tempo e os antigos monastérios que surgem pelo caminho.
O Monastério de Noravank, próximo a Areni, é uma das belezas que podem ser apreciadas no caminho. Pra mim, este é um dos mosteiros mais bonitos da Armênia. O lugar é especial, porque fica situado no meio do nada, entre montanhas e abismos, dando um ar meio misterioso ao local.



Monastério de Noravank

Na linha do turismo religioso, a cerca de 30 Km de Yerevan, vale a pena visitar a Catedral de Echmiadzin, considerada a primeira igreja cristã do mundo, tendo sido fundada no ano 303 a.c. Também merece uma visita o mosteiro de Geghard, que é incrustado numa montanha e data do século IV.
Ainda próximo a Yerevan, na província de Gegharkunik, encontra-se o Sevan National Park, onde se situa o Sevan Lake, um lago belíssimo com águas azuis turquesa, onde, em alguns pontos, é possível banhar-se. Visita altamente recomendada!


Monastério em Sevan.


A praia do Lago Sevan.

Agora falando de comida, eu tenho uma única dica, que acho que deve ser sensacional: o verdadeiro kebab, ou melhor, khorovats, como é originalmente chamado pelos armênios, pode ser saboreado em Yerevan num dos restaurantes localizados em Hrazdan Gorge, uma região da cidade. Eu optaria pelo restaurante Parvana, que dizem que é bem barulhento, fazendo jus ao humor festivo dos armênios. Lá também se saboreiam ótimos lavash (tradicional pão armênio – tipo o nosso conhecido pão sírio), que são feitos ali mesmo por umas senhoras sentadas num chão de pedra.


O Kebab Armênio.


Mulheres no restaurante Parvana preparam lavash.

Bom, pelo que deu para perceber da minha pesquisa, a Armênia, por ser bem pequena, pode ser vista toda a partir de Yerevan, onde você pode ficar hospedado. Aliás, eu aconselho fazer isso caso você seja, assim como eu, meio chato com hotéis. As pesquisas que fiz sobre os hotéis na Armênia não são muito animadoras, por isso em Yerevan, que é a capital, é onde costumam se localizar os melhores lugares para dormir.
Eu recomendo o Hotel Meg (1º lugar no Tripadvisor e no Booking, com instalações novas e modernas e com diárias a partir de 159 dólares). Tem também o Hotel Grig, que é um pouco mais simples e também mais barato – diárias a partir de 88 dólares, mas parece ser novo. No mais, há opções de hostel e, claro, as grandes redes hoteleiras como Marriott e Royal Tulip, mas que com certeza serão mais caros.
Enfim, mesmo não tendo visitado (ainda!) a Armênia, espero ter ajudado alguém com essas dicas. Certamente esse seria o meu roteiro de viagem!

Links úteis:

Agências de viagem que têm pacotes para a Armênia:



Lisboa autêntica - visitas guiadas a pé!

Se você quer fazer algo diferente em Lisboa, recomendo procurar o Lisboa Autêntica. Há passeios bem interessantes a preços convidativos.
O idealizador desse projeto é um italiano, radicado em Lisboa, chamado Frabrizio Boscaglia. Os passeios mais legais na minha opinião são: Lisboa com Fernando Pessoa e Alfama. Também deve ser legal o passeio para a Serra da Árrabida, local por que sou apaixonada!

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Um final de semana em Joaquim Egídio

Os lugares escondidos e pouco conhecidos são os que mais me fascinam. Joaquim Egídio é um deles! Fazia tempo que eu queria visitar essa “cidade”. Fiquei empolgada depois que li uma reportagem numa revista de gastronomia sobre os ótimos restaurantes que tinham por lá. Alguns meses se passaram até que, finalmente, no penúltimo final de semana, como não fez sol, eu deixei de ir à praia para ir ao interior.
Na verdade, Joaquim Egídio não é uma cidade, é um distrito da cidade de Campinas, um bairro mais afastado do centro (cerca de 20 km). Porém, ao chegar lá, logo se percebe qualquer coisa de diferente. Eu achei Joaquim Egídio um mundo completamente a parte da cidade de Campinas. A atmosfera é de uma cidadezinha de interior muito bem conservada, com ruas de paralelepípedo, diversas construções antigas da época do café e com moradores pra lá de simpáticos.
Cheguei na “cidade” vindo por Valinhos, passando por uma rodovia estadual (por sinal muito bonita!) e por uma estrada de terra que desemboca direto em Joaquim Egídio. Mas também é possível dirigir só por estrada asfaltada, vindo por Campinas, passando primeiro por outro distrito – igualmente legal – chamado Sousas.
A região ao redor de Joaquim Egídio e Sousas é toda ambientalmente protegida, o que talvez torne esse local mais especial. Aliás, essa região é super procurada por amantes de esportes ao ar livre (trekking e biking, principalmente).
Eu e meu marido chegamos lá no sábado já na hora do almoço. Estávamos famintos e por isso fomos direto em busca do restaurante indicado na reportagem que tinha me motivado a conhecer Joaquim Egídio, chamado Estação Marupiara. O restaurante não fica na rua principal, deve-se seguir uma placa que indica “estação de trem” até chegar a uma pracinha bem pacata, onde têm outros bons restaurantes e a estação ao fundo. O Marupiara fica ao lado da estação.
O lugar é simplesmente uma graça, charmoso, acolhedor, enfim, tudo de bom! Há um espaço fechado e outro meio aberto. Como não estava muito frio, ficamos no espaço meio aberto, onde estava rolando uma música ao vivo (voz e violão) bem gostosa. A comida é típica brasileira com uns toques contemporâneos. Realmente é muito boa, mas o preço é salgado. No final, achei que valeu a experiência como um todo.




Depois de almoçar, fomos dar uma volta na praça e tirar umas fotos da estação. Percebi que tinha um bar aberto (Bar do Armazém) e o meu jeito cara de pau de ser foi até lá à procura de histórias e bate papo. Foi quando conhecemos a Dona Heloísa, uma descendente de italianos, que mora em Joaquim Egídio desde que nasceu, e coordena o bar junto com seu filho. Ela nos ofereceu um café e começou a nos contar histórias sobre a sua família, o bar e a “cidade”. Disse que o seu avô foi para Joaquim Egídio na época da exploração do café e que aquela casa, onde hoje é o bar, é da família desde então. Ela mostrou-nos diversas partes da construção do bar que são totalmente originais, inclusive o chão, que era utilizado para secar o café. Fiquei tão feliz com aquela receptividade que acabei prometendo a ela que voltaria à noite para tomar caldos e sopas.



Estação de trem.



Bistrô Santa Helena.



Joaquim Egídio antigamente.



O filho de Dona Heloísa mandando ver uma polenta no fogão a lenha.



Tijolos originais do Bar do Armazém.



Lugar onde os imigrantes italianos se reúnem até hoje.


O problema era que até então não tínhamos nenhuma reserva de hotel. Em Joaquim Egídio não há hotéis nem pousadas, mas eu sabia de uma única pousada localizada no distrito de Sousas. Liguei pra lá e a moça disse que a princípio não havia vagas, pois uma pessoa ainda iria confirmar. Como assim? – perguntei eu – Já são 17 horas! A minha lábia acabou convencendo a mulher de que não fazia mais sentido esperar alguém que até esta hora não tinha dado sinais de vida.
A pousada Vill’Atybaia é simples, mas supriu totalmente as nossas necessidades. Era confortável, silenciosa, limpa, tinha uma ducha quente ótima, aquecimento e um café da manhã bem gostoso.
Sousas, que fica colado a Joaquim Egídio, mais próximo a Campinas, também se revelou uma “cidade” muito agradável e bem cuidada. Também tem ótimos restaurantes ao longo de suas poucas ruas, uma pracinha super charmosa com uma igreja linda e histórica construída em 1898 e outra pracinha com bicicletas da Prefeitura que você pode alugar para passear pela região.
No sábado à noite, voltamos a Joaquim Egídio. Estávamos indo para o restaurante da Dona Heloísa, quando, passando pela rua principal, avistamos um movimento no Boteco do André, onde estava rolando um samba! Sim, samba! Não acreditei que naquela “cidade” calma, pequena e histórica tinha um boteco onde você podia ouvir um samba.
Não hesitamos nem uma só vez, estacionamos o carro e fomos lá conferir o lugar. O bar é bem descolado, colorido e cheio de fotos, cartazes e discos de MPB na parede. Estava rolando uma espécie de samba rock bem legal. Fazia tanto tempo que não dançava com meu marido. Foi uma delícia! Os frequentadores são, sobretudo, moradores de Campinas.





Ao sair de lá, seguimos para o bar da Dona Heloísa para cumprir a minha promessa. Ela ficou super contente. Os caldos estavam ótimos. Tinha um com macarrão que era o babbo dela que fazia a massa. Enfim, recomendo muito esse bar bem local, cujo preço é bem acessível.
Foi relaxante dormir no silêncio, só ouvindo de vez em quando o barulho das árvores e dos bichos.
No dia seguinte, dirigimos até a Serra das Cabras, onde se situam algumas fazendas antigas de café. Para visitá-las é preciso marcar com antecedência. O passeio pela Serra das Cabras é possível ser feito também de bicicleta. Na verdade, na estrada há mais ciclistas que motoristas.
Na hora do almoço, paramos no tradicional restaurante Feijão com Tranqueira, que fica numa fazenda bem na Estrada das Cabras. Estava bem tranquilo, sentamos na varanda, tava batendo um sol gostoso e tocando uma música sertaneja daquelas antigas bem melosas. Um clima bem de interior! Uma delícia! Bom pra se esquecer de toda essa confusão daqui de São Paulo.



Antiga fazenda de café.

No final de semana passado, voltamos lá com meus pais e almoçamos num restaurante italiano muito bom, situado em Sousas, chamado Ca’ di Mattone.
Enfim, vale muito a pena uma visita a Joaquim Egídio e Sousas. Seja um final de semana, seja um bate e volta só para um almoço ou uma caminhada pela mata. A paz e a tranquilidade do lugar revigorará a sua alma.

Restaurantes:

Hotéis:

Links úteis:
http://www.florestapark.com.br/site/


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Nova York Gastronômica.

Eu não sou lá muito fã dos Estados Unidos, mas eu tiro o chapéu para Nova York, que, na minha opinião, é uma cidade muito internacional e encantadora, em todos os sentidos, e bem diferente do resto do país.
Muitas pessoas vão à Nova York em busca, principalmente, de compras, teatros, exposições e museus. Não vou dizer que não me enquadro nesse grupo, mas a minha última viagem pra lá teve como roteiro principal os diversos restaurantes excelentes que fazem de Nova York uma verdadeira capital mundial da gastronomia.
Pra começar, fiquei hospedada num hotel chamado Empire Hotel. O hotel é bom. A localização é excelente: em frente ao Lincoln Center e próximo a ótimos restaurantes, o que ajudou bastante nas descobertas gastronômicas. Não é dos hotéis mais baratos (diárias a partir de 300 dólares aproximadamente) e também não é nenhuma maravilha, mas, como em Nova York é difícil achar um bom hotel a um preço acessível, tá valendo ficar no Empire Hotel.
Cheguei lá numa quarta feira bem cedinho, pelo aeroporto de Newark. Aliás, oriento chegar e sair por esse aeroporto, em que há operação praticamente só da United Airlines, o que faz com que ele seja tranquilo e não tenha filas quilométricas na imigração e no free shop.
Como o check in no hotel só poderia ser feito depois de meio dia, fui tomar café da manhã no conhecido Magnólia Bakery, na Columbus Avenue, n. 200. Os melhores cupcakes que eu já comi na minha vida!
Em relação aos restaurantes, a primeira dica que dou é: se o restaurante for bem badalado, é melhor reservar, principalmente à noite. Todo mundo lá faz reserva. Para isso, você pode acessar o site www.opentable.com, fazer o cadastro e depois é só procurar o restaurante que quiser e fazer a reserva online. É super fácil!
O primeiro restaurante em que eu me aventurei foi o Bar Boulud, fica na West Brodway esquina com a Rua 64. Eu decidi ir lá só e somente só porque estava exausta e o restaurante era bem em frente ao hotel – literalmente. A experiência foi fantástica. Logo pensei: “deve ser sorte de principiante”. Mais tarde fiquei sabendo que o lugar é realmente bom e reconhecido e que há outro restaurante do mesmo dono (o chefe Daniel Boulud) ainda mais bem conceituado, na própria Rua 64, chamado Boulud Sud.
Do lado do Bar Boulud tem também outro restaurante bem gostoso, o Café Fiorello, onde comi um espaguete com vôngole, que estava muito, muito gostoso e tomei uma taça de vinho, que veio tão bem servida que mais parecia uma meia garrafa!
No dia seguinte, por entre as andanças de compras lá pelo Soho e Tribeca, acabei parando num restaurante que me surpreendeu muito. Chama-se Delicatessen. Tem um estilo moderninho e a comida é típica dos deli’s. Pedi um hambúrguer, que, além de ser grande, ainda veio junto com uma saladinha e um baldinho de batatas fritas com alho e alecrim. Tudo uma delícia. Fica bem cheio e talvez tenha que esperar um pouco pra sentar. Mas vale a pena!
À noite, me aventurei num restaurante duas estrelas Michelin, chamado Marea. Fica no Central Park South. O ambiente não é muito despojado, têm muitos executivos e, mesmo quando está um calor infernal, não é permitido o uso de bermuda. O atendimento é ótimo. Quanto à comida, confesso que errei ao pedir a entrada Ricci da Mare. Era um tipo de ouriço do mar, mas tinha um gosto muito esquisito. Vai ver eu é que não soube apreciar. Meu marido pediu umas ostras e adorou! O prato principal – pedimos duas massas – estava uma delícia, digno das duas estrelas Michelin! Não achei o preço um absurdo para um restaurante desse nível. Eu e meu marido gastamos cerca de 250 dólares com direito a um bom vinho, água, entrada, prato principal, sobremesa e café.
Outra surpresa bem próxima ao hotel em que estava hospedada foi o Salumeria Rossi. É um restaurante italiano, que também funciona como uma loja de frios. Foi lá em que eu comi a melhor costelinha da minha vida! Vale a pena também pedir a tábua de frios de entrada. Um espetáculo! Se eu tivesse que escolher um só restaurante de toda essa viagem, eu escolheria o Salumeria!
Ainda próximo ao hotel, na Columbus Avenue, tem um restaurante chamado Bistrô Cassis, que pertence ao mesmo grupo dos restaurantes Pomodoro, Café Buenos Aires, Bistrô Citron, entre outros. O serviço não foi dos melhores, mas a comida era de primeira qualidade.
Se bater uma fome enquanto se visita o Metropolitan Museum, não hesite de fazer uma boquinha no The Petrie Court Café, que fica mesmo dentro do museu, e experimente a salada de tomates variados com mussarela de búfala. O ambiente do local é bem agradável e a comida é deliciosa!
Já na região de downtown, um restaurante que me marcou foi o Artisanal Bistrô. Eu comi uma carne super saborosa que estava desfiando e dava até pra cortar com uma colher. Lá funciona também uma fromagerie, com queijos de todo o tipo. Vale a visita para almoçar, jantar ou só para degustar queijos e vinhos.
Um lugar que não se pode deixar de ir inúmeras vezes quando você for à Nova York é o Eataly, que também fica em downtown. Trata-se de um complexo gastronômico de comida italiana de excelente qualidade! Eu experimentei todos os restaurantes (massa, carne, vegetariano, pizzaria, peixes e a birreria que fica no rooftop). Todos, sem exceção, são maravilhosos! Mas lá não têm só restaurantes. Há uma espécie de feira com legumes de todos os tipos, há uma livraria, açougue com carnes cinematográficas, vendem-se também utensílios de cozinha, macarrão, molhos etc. É muito, muito legal!
Quando vou à Nova York, raramente restrinjo meus passeios só a Manhattan. Diferente do povo que mora em Manhattan, eu sou apaixonada pelo Brooklyn, com suas casinhas charmosas, as ruas arborizadas, as lojinhas cults. Sempre gosto de ir lá, passear pelas ruas residenciais, sentar numa praça, observar a vida e descobrir lugares diferentes. Dessa vez, eu descobri, no Brooklyn Heights, um restaurante polonês bem agradável e com preço honesto, chamado Teresa’s – fica localizado no nº 80 da Montague Street. De quebra, deixo uma dica de uma loja que descobri nesse dia de andanças pelo Brooklyn: chama-se Dalaga (http://www.dalaganyc.com/) e fica no Greenpoint. Um charme!
Agora, se você quiser dar uma de local mesmo ou não quiser gastar muito, pode ir ao Whole Foods da Columbus Circle, comprar uma salada ou outro prato qualquer e sentar no Central Park, relaxar e almoçar por ali mesmo. Eu fiz isso dessa vez e foi ótimo!
Para experimentar uma noite mais badalada, eu recomendo dois bares: o Boqueria e o Jules Bistrô.
O Boqueria é um bar espanhol que faz o estilo “baladinha” com música levemente alta. Tem um bom cardápio de tapas, além de ótimos vinhos e drinks.
Já o Jules Bistrô é um bar mais low profile. Eu estive lá em 2005 e lembrava de ter me deliciado com moules frites e de ter ouvido um jazz de primeira. Por isso resolvi voltar e ver se continuava bom. Não me arrependi e tampouco me decepcionei. Quando cheguei, o bar ainda estava meio vazio. Depois de um tempo a banda chegou e começou a tocar um gipsy jazz (manouche) sem igual. Nesse momento, tive certeza de que tinha escolhido bem o lugar pra ouvir uma boa música. Mas, mais tarde um pouco, fiquei ainda mais contente. Chegou ao bar um menino, acompanhado da mãe, que aparentava ter uns 16 anos. Ele sacou o violino da maleta e só esperou a música terminar para se ajuntar com os demais membros da banda. O menino deu um show! Eu me senti no filme do Woody Allen.
Depois, ao pesquisar o nome do garoto (Jonathan Russell), descobri que ele é um menino prodígio e conhecido lá nos Estados Unidos. Segue abaixo um vídeo do show que tive o prazer de assistir lá em Nova York.
Acho que é isso. Após essas experiências gastronômicas, eu já estava com saudades do meu feijão e arroz do dia-a-dia.

Hotéis:
www.acehotel.com – hotel moderninho (diárias a partir de 150 dólares a depender do tamanho do quarto)
www.distrikthotel.com (diárias em torno de 260 dólares)

Restaurantes:
http://www.cafefiorello.com/


 

 Jonathan Russell mandando ver no violino.


Carnes cinematográficas no Eataly.


Feira no Eataly.


Variedade de queijos no Eataly.


A vizinhança tranquila do Brooklyn.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

La Bella Costiera Amalfitana

Confesso pra vocês que a minha primeira impressão da Costa Amalfitana não foi das melhores. Fui pra lá na minha lua de mel, em 2011. Meu marido insistiu para passarmos alguns dias relaxando na Costiera. Disse que era um lugar lindo, romântico e charmoso. E, de fato, as belas paisagens que se veem na internet me deixaram super empolgada.
Porém, o caminho que fizemos para chegar à Costa Amalfitana, partindo de carro do norte da Itália e passando por Nápoles, não é dos mais agradáveis, pra não dizer que é assustador.
Passamos pela região periférica de Nápoles e eu simplesmente fiquei apavorada com a sujeira, as pichações, as casas mal cuidadas. Parecia uma cidade abandonada.
Mas, ao chegar no burburinho da Costiera, você verá como as coisas podem ser diferentes a apenas poucos quilômetros a frente.
A região de Amalfi é composta por várias vilas (comuni). A mais famosa não é propriamente a vila de Amalfi, mas sim Positano, que é um lugar de badalação, cheio de hotéis, bares e restaurantes. Mas as demais vilas – Vietri Sul Mare, Cetara, Maiori, Tramonti, Minori, Ravello, Scala, Atrani, Amalfi, Conca dei Marini, Furore e Praiano – também são lindas. Eu fiquei hospedada na região de Praiano, num hotel chamado Margherita.
As acomodações na Costa Amalfitana são bem caras. Depois de fazer muita pesquisa eu consegui chegar num meio termo e acabei reservando um quarto clássico no hotel Margherita por aproximadamente 130 euros a diária.
O hotel não era, assim, exatamente o que parecia nas fotos do site e nem mesmo nas fotos do tripadvisor.com.br/ - ele está classificado em 2º lugar no ranking dos hotéis em Praiano. A recepção do hotel é simples e se mistura com a área de café da manhã. A piscina do hotel é bem pequena, nada atraente e praticamente inutilizada pelos hóspedes. Os quartos são bons e limpos, mas eu achava que era mais charmoso. O terraço do hotel, onde fica o restaurante, que por sinal era ótimo e com um preço razoável, é uma área bem agradável com uma vista estonteante. Ah, eles servem uma taça de espumante de cortesia antes das refeições. Um mimo! Os donos do hotel, Suela e Andrea, bem como todos os funcionários são extremamente simpáticos e prestativos. Enfim, no final, valeu a pena.
Para se locomover na Costa Amalfitana, alugue um scooter! Amalfi é uma região onde as estradas são muito (muito mesmo!) estreitas e curvilíneas. Acho que o scooter dá mais mobilidade e, além disso, facilita na hora de estacionar, já que não há muitos estacionamentos nas praias e nas vilas.
Há também algumas linhas de ônibus que circulam por toda região de Amalfi e que você pode utilizar para se locomover, entretanto a minha experiência com o ônibus não foi muito legal.
Eu e meu marido resolvemos no segundo dia ir de ônibus para uma praia chamada Arienzo. Pegamos o schedule do ônibus pra saber exatamente a hora em que ele passava no ponto da praia para voltarmos ao hotel. A praia fica a exatos 269 degraus abaixo da estrada. Todas as praias lá são assim. É cansativo às vezes subir um monte de degraus depois de um dia regado a sol e vinho, mas vale a pena o esforço. As praias normalmente são paradisíacas, têm águas calmas e cristalinas.
Esse dia foi uma delícia! O mar estava calmo, a água era de fato cristalina, mas não tinha areia, eram pedras e cascalhos. Havia um restaurante na praia, que oferecia espreguiçadeiras e guarda sol. Tomamos vinho rosé, comemos uns aperitivos, demos vários mergulhos no mar, almoçamos e até cochilamos.
Ao acordar, olhei no relógio e levei um susto. Já eram 16h30min e o ônibus iria passar às 16h45min. Nós subimos mais de duzentos degraus num fôlego só e, quando chegamos ao ponto, o ônibus tinha acabado de passar.
Resolvemos então descer novamente todos aqueles degraus até a praia para dar o último mergulho e esperar o próximo (e último!) ônibus às 17h45min. Às 17h20min mais ou menos, nós já estávamos subindo a escada. Chegamos ao ponto com antecedência, mas ficamos esperando um bom tempo. Dessa vez o ônibus não passou na hora marcada.
Por volta das 18h avistamos o ônibus contornando as curvas da exígua estrada. Fizemos sinal, mas ele não parou, o motorista balançava a cabeça negativamente, querendo dizer que estava lotado.
Sem saber o que fazer para voltar ao hotel, apelei para o meu jeito cara de pau. Avistei do outro lado da rua  uma espécie de oficina mecânica onde se encontravam um senhor e uma senhora. Fui até eles e pedi o telefone emprestado para ligar para o hotel para que eles mandassem um táxi buscar a gente. O senhor, meio carrancudo, foi falar com a senhora. Eu tinha certeza que eles não iriam me ajudar, mas, para minha surpresa, ele voltou dizendo que aquela senhora, que era sua irmã, Signora Maria, nos daria uma carona até o hotel. Não hesitamos, afinal, o que poderia haver de mal naquilo?
Entramos no carro, era um Fiat 147, bem antigo. Eu sentei no banco do carona e meu marido sentou atrás. Peguei o cinto de segurança, mas ele não travava. A senhora me olhou e falou: “Non ti preoccupare. É rotto. Tiene così. Va benne?” (Não se preocupe. Está quebrado. Segura assim. Tá bom?).
Eu não estava nem um pouco preocupada. Na verdade, estava achando muito engraçada toda aquela situação. Até que a Signora Maria começou a dirigir como um verdadeiro piloto de fórmula 1. Ela girava por aquelas curvas sinuosas, passando por ônibus, carros, motos e eu ali paralisada no banco do carona. Só ficava olhando pela janela aquele desfiladeiro. Jesus! – eu pensava. Mas a senhora não estava nem aí. Dirigia normalmente. Ela estava acostumada, sem dúvida.
Conclusão: se vocês não querem ter esse tipo de aventura, mas querem usar o ônibus, planejem o horário para subir os degraus da praia e nunca peguem o último ônibus, que é sempre cheio.
As praias mais paradisíacas da Costiera não são acessíveis pela terra, mas só pelo mar. Por isso, vale a pena alugar um barco para visitar toda a costa e até mesmo ir até Capri. É um passeio relativamente caro – aproximadamente 400 euros. Mas você pode fazer passeios em grupos, que são mais baratos. Na Marina di Praia, em Praiano, têm algumas empresas que prestam o serviço.
Como estávamos em lua de mel, nós alugamos um barco só para nós dois. Fomos até Capri, passando pela Gruta Azul, e na volta passeamos pelas praias na Costa.
Sinceramente, não vão à Gruta Azul. Achei uma verdadeira enganação. Você chega lá, paga uns 5 euros por pessoa pra subir num barquinho e dar uma volta de 50 metros pela gruta. O “guia” é um italiano chato, que fala um monte de baboseiras e histórias que não são verdadeiras e que ainda fica te pedindo gorjeta no final, em todos os idiomas possíveis.
Também não achei que vale a pena a visita a Capri. Pensei que lá tivessem lindas praias. Mas não tem. Só tem uma faixa de areia em frente à Marina, que fica abarrotada. A cidade não é de fácil circulação, porque é feita de subidas e descidas. Não comi nada de especial, porque não tive muito como procurar. Penso que, se você quer realmente ir a Capri e sentir a atmosfera do lugar, é bom ficar umas duas noites por lá. Aí sim dá pra aproveitar.
Enfim, o aluguel do barco, na minha opinião, é válido se você quer conhecer as praias que somente são acessíveis pelo mar.
Nessa noite, resolvemos ficar pelo hotel. Antes do jantar, fomos fazer um passeio pela vila de Praiano. Subimos pela estrada até onde tinha uma praça e uma igreja, onde se reuniam os moradores para jogar conversa fora e as crianças para brincar. A vista, como sempre, era linda. Sentamos num dos bancos da praça e só observamos. É engraçado como os italianos fazem bem a divisão dos grupos das mulheres e dos homens. Cada grupo fica sentado num canto da praça conversando. Por volta das sete horas as mulheres vão para casa preparar o jantar, depois, as oito, os homens e as crianças vão para comer e, mais tarde um pouco, voltam todos para a praça. A rotina diária parece ser essa. Ô vida tranquila!
No terceiro dia, pela manhã, o tempo não estava contribuindo, então decidimos ir a Pompeia, onde tem as ruínas da antiga cidade que foi destruída em razão de uma grande erupção do vulcão Vesúvio, no ano 79 D.C. Lá é possível ver pessoas e animais que foram petrificados, por conta das cinzas do vulcão. É bem interessante!
Com o passar da manhã, o sol foi se abrindo e começou a fazer aquele calorão de 40 graus, o que fez a gente desistir de visitar o vulcão Vesúvio para ir à praia.
Eu me arrependi, me disseram depois que o passeio é um espetáculo e dura uma tarde inteira. Se vocês puderem, não deixem de ir (e me contem depois como foi!). Informações no site http://www.epnv.it/.
Nós partimos, então, de volta para a Costiera e passamos por muitas praias até encontrarmos uma que estivesse menos cheia. Foi quando descobrimos uma praia quase que exclusiva, bem tranquila, com uma imensa árvore que faz uma sombra natural, com águas bem calmas e muito cristalinas. Chama-se Marina D’albori secondo tratto. Fica entre Vietri Sul Mare e Cetara.
Nesse dia, acabamos por beliscar alguma coisa na própria praia, mas, sinceramente, não estava gostosa a comida, salvo pela cerveja, que estava estupidamente gelada! Então, deixem para comer depois que saírem da praia.
À noite, como disse mais acima, se você quer badalação, vá a Positano. Nós fomos lá uma noite e foi muito legal!
Estacionamos o carro bem perto da estrada e resolvemos descer pelas ruas até acharmos um restaurante legal para comer. Foi quando uma típica senhora italiana, bem sorridente e falante, natural de Salerno, provavelmente percebendo o quão perdido a gente estava, nos abordou para dar dicas de restaurantes e nos convidar para irmos com ela a pé até a pizzaria que procurávamos. Foi uma caminhada inusitada e muito divertida. A senhora se apoiou no braço do meu marido e começou a contar toda a história da vida dela. Ela era uma verdadeira nonna. Senti saudades das minhas avós.
A pizzaria que escolhemos se chama Saraceno D’oro. Na verdade, é um restaurante, que oferece pratos e pizzas. O jantar foi uma delícia e não foi muito caro! Vale a pena conferir e provar o gelato de limão siciliano servido dentro de um limão siciliano. Divino! Mas se você não quer comer pizza, eu indico a Trattoria La Tagliata. As centenas de avaliações excelentes no tripadvisor.com.br/ já dizem tudo! O La Tagliata também faz as vezes de hotel e seus quartos parecem ser bem legais.
Nossa viagem, na Costa Amalfitana terminou nessa noite. No dia seguinte, bem de manhã, seguimos para Roma (em breve trarei dicas valiosas de lá!). Fui embora com uma sensação de estar deixando para trás a vida que eu gostaria de levar até morrer.
Resumindo: a Costa Amalfitana é o verdadeiro lugar onde você pode desfrutar o dolce far niente.
Quer coisa melhor que isso?
  
Hotéis:
http://ilsanpietro.it/ (pra quem não quer economizar com hotel)

Sites úteis:
http://www.latagliata.com/



A vista do terraço do hotel.


Praias exclusivas acessíveis apenas pelo mar.


Praias exclusivas acessíveis apenas pelo mar.


Praias exclusivas acessíveis apenas pelo mar.


Por do sol nas estreitas estradas da Costiera Amalfitana.


Senhoras jogam conversa fora na piazza.


Senhores falam baboseiras a espera da hora do jantar.


Pessoas petrificadas em Pompeia.


Pessoas petrificadas em Pompeia.


Marina D'albori - secondo tratto.


Sorve de limão siciliano no limão siciliano. Delícia!