A não ser pelos milhares de
imigrantes armênios no Brasil, eu nunca tinha ouvido falar muito bem da
Armênia. Trata-se de um país consideravelmente pequeno da Ásia Oriental e que parece
um pouco esquecido.
No entanto, a Armênia guarda
muitas maravilhas históricas e paisagens de tirar o fôlego. Nesse texto faço
uma compilação de diversas pesquisas que fui fazendo ao longo de algumas
semanas em razão da curiosidade que esse país me despertou e que certamente um
dia ainda visitarei!
Tornei-me mais familiar com a
Armênia depois que estive no restaurante Saint Marie, localizado na zona sul de
São Paulo, no bairro Vila Sônia. O chefe Stephan Kawijian é Libanês, mas tem
origens na Armênia e já morou também na Líbia.
Ele me contou que o seu avô era
da Armênia, mas teve de fugir de lá por volta de 1915 devido à chamada
Revolução dos Jovens Turcos, movimento que visava reformular o Império Otomano
e que provocou uma verdadeira matança (mais 1,5 milhões de pessoas) e
deportação forçada do povo armênio (atualmente, há mais armênios morando no
exterior do que na própria Armênia).
Pesquisando mais tarde descobri
que esse brutal genocídio não é reconhecido por muitos países e que a revolução
acabou provocando a perda de aproximadamente 80% do território originário da
Armênia.
A mescla de comida e história que
encontrei no restaurante Saint Marie me inspirou a escrever sobre a Armênia,
considerada por muitos historiadores como o berço da civilização, onde se
localizou o Jardim do Éden e onde encalhou a Arca de Noé.
Bom, a começar pela minha fonte
de inspiração, tenho a dizer que o restaurante Saint Marie é um lugar simples
com comida de primeiríssima qualidade! Na verdade, nunca tinha comido uma
comida árabe tão gostosa! As esfihas, tão comuns de se achar por aí, são
especiais e incrivelmente saborosas. O moussaka é divino! E tem um tipo de
carne seca armênia, chamada Basturma,
que é muito, muito boa!!! Quem gosta de apreciar uma comida diferente e muito
bem feita precisa fazer uma visita ao Saint Marie! A minha dica é: no sábado –
domingo fecha – chegue mais tarde, por volta das 15 horas, pois fica bem cheio.
Melhor moussaka que já comi
Basturma
A Armênia, atualmente, me parece
um país relativamente tranquilo para se visitar. Embora tenha passado por
muitas épocas tensas no passado, hoje abriga um povo simpático, receptivo e
pacífico. Faz fronteira com o Irã, mas não acho que seja impeditivo.
A moeda oficial é o Dram Armênio
– 1 dólar vale 408,5 dram. A capital é Yerevan. O turismo na Armênia é bem
diversificado, lá é possível visitar muitos lugares históricos, religiosos, de
natureza e até se deliciar no turismo enogastronômico.
Chegando pela capital, uma
paisagem que já emociona é a vista do Monte Ararat, que, embora seja visível de
vários pontos da cidade, fica localizado em território turco. É bem ali que,
segundo a bíblia, a Arca de Noé estaria localizada. Aliás, há cientistas que já
afirmaram tê-la encontrado.
Yerevan, localizada a apenas
cerca de 50 Km
do Monte Ararat, parece ter uma só cor: rosa. É isso que dá graça às
edificações da cidade, as quais são em sua maioria grandes blocos iguais sem
muita beleza arquitetônica, já que datam do período soviético. O tom rosado se
deve à cor das pedras utilizadas nas construções, conhecidas como pedras-tufo.
Na minha opinião, o contraste da cor rosada da cidade com o formato
socialista/comunista das construções é o que a torna interessante para nós
brasileiros.
O Monte Ararat visto desde Yerevan
Percebem a tonalidade rosada das construções?
Mas quando viajo, o que mais
gosto de fazer é andar pelas ruas, sentar num café, observar as pessoas e a
atmosfera do lugar. Em Yerevan eu não faria diferente. Os armênios são muito
alegres, festivos e comunicativos, de modo que sentar numa praça ou num café
pode acabar rendendo muita conversa com os locais, ainda que só por gestos! Há
muitos cafés e restaurantes na cidade dignos de uma visita tanto quanto os
estabelecimentos Europeus o são.
Um lugar que me parece imperdível
na capital Yerevan é o Museu do Genocídio, referente ao massacre do povo
armênio pelos turcos, acima mencionado. Aliás, essa questão é extremamente
delicada para os Armênios. Tomem cuidado ao mencionar alguma coisa sobre isso!
Com relação aos vinhos armênios,
só para vocês terem uma ideia, a produção lá é milenar. Pesquisadores da
Universidade da Califórnia descobriram nas montanhas da Armênia, numa vila
chamada Areni, uma vinícola de mais de 6 mil anos. Segundo a reportagem da
Revista Galileu, foram encontrados num complexo de cavernas em Areni um tonel
para prensar uvas, jarros de fermentação e até um cálice. Esta é a vinícola
mais antiga a ser descoberta.
Portanto, provar vinhos armênios
e visitar suas vinícolas pode ser não só um passeio gastronômico, mas também um
passeio histórico.
Não é por acaso que a região de
Areni, localizada a aproximadamente 100 Km da capital, é hoje um dos lugares na
Armênia onde se concentram as melhores produções vinícolas do país.
Outro lugar onde também se
localiza grande parte da produção de vinhos no país é o vilarejo de Getap, que
fica mais próximo de Yerevan, a cerca de 20 Km de distância.
A visita a essas duas vilas é
válida não só pelos vinhos, mas também pela beleza cênica da região, pelos lugarejos
primitivos que parecem parados no tempo e os antigos monastérios que surgem
pelo caminho.
O Monastério de Noravank, próximo
a Areni, é uma das belezas que podem ser apreciadas no caminho. Pra mim, este é
um dos mosteiros mais bonitos da Armênia. O lugar é especial, porque fica
situado no meio do nada, entre montanhas e abismos, dando um ar meio misterioso
ao local.
Monastério de Noravank
Na linha do turismo religioso, a
cerca de 30 Km
de Yerevan, vale a pena visitar a Catedral de Echmiadzin, considerada a
primeira igreja cristã do mundo, tendo sido fundada no ano 303 a .c. Também merece uma
visita o mosteiro de Geghard, que é incrustado numa montanha e data do século
IV.
Ainda próximo a Yerevan, na província
de Gegharkunik, encontra-se o Sevan National Park, onde se situa o Sevan Lake,
um lago belíssimo com águas azuis turquesa, onde, em alguns pontos, é possível
banhar-se. Visita altamente recomendada!
Monastério em Sevan.
A praia do Lago Sevan.
Agora falando de comida, eu tenho
uma única dica, que acho que deve ser sensacional: o verdadeiro kebab, ou
melhor, khorovats, como é originalmente chamado pelos armênios, pode ser
saboreado em Yerevan num dos restaurantes localizados em Hrazdan Gorge , uma
região da cidade. Eu optaria pelo restaurante Parvana, que dizem que é bem
barulhento, fazendo jus ao humor festivo dos armênios. Lá também se saboreiam ótimos
lavash (tradicional pão armênio – tipo o nosso conhecido pão sírio), que são
feitos ali mesmo por umas senhoras sentadas num chão de pedra.
O Kebab Armênio.
Mulheres no restaurante Parvana preparam lavash.
Bom, pelo que deu para perceber
da minha pesquisa, a Armênia, por ser bem pequena, pode ser vista toda a partir
de Yerevan, onde você pode ficar hospedado. Aliás, eu aconselho fazer isso caso
você seja, assim como eu, meio chato com hotéis. As pesquisas que fiz sobre os
hotéis na Armênia não são muito animadoras, por isso em Yerevan, que é a
capital, é onde costumam se localizar os melhores lugares para dormir.
Eu recomendo o Hotel Meg (1º
lugar no Tripadvisor e no Booking, com instalações novas e modernas e
com diárias a partir de 159 dólares). Tem também o Hotel Grig, que é um pouco
mais simples e também mais barato – diárias a partir de 88 dólares, mas parece
ser novo. No mais, há opções de hostel e, claro, as grandes redes hoteleiras
como Marriott e Royal Tulip, mas que com certeza serão mais caros.
Enfim, mesmo não tendo visitado
(ainda!) a Armênia, espero ter ajudado alguém com essas dicas. Certamente esse
seria o meu roteiro de viagem!
Links úteis:
Agências de viagem que têm
pacotes para a Armênia:
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