Confesso pra vocês que a minha
primeira impressão da Costa Amalfitana não foi das melhores. Fui pra lá na
minha lua de mel, em 2011. Meu marido insistiu para passarmos alguns dias
relaxando na Costiera. Disse que era um lugar lindo, romântico e charmoso. E, de
fato, as belas paisagens que se veem na internet me deixaram super empolgada.
Porém, o caminho que fizemos para
chegar à Costa Amalfitana, partindo de carro do norte da Itália e passando por
Nápoles, não é dos mais agradáveis, pra não dizer que é assustador.
Passamos pela região periférica
de Nápoles e eu simplesmente fiquei apavorada com a sujeira, as pichações, as
casas mal cuidadas. Parecia uma cidade abandonada.
Mas, ao chegar no burburinho da
Costiera, você verá como as coisas podem ser diferentes a apenas poucos
quilômetros a frente.
A região de Amalfi é composta por
várias vilas (comuni). A mais famosa
não é propriamente a vila de Amalfi, mas sim Positano, que é um lugar de
badalação, cheio de hotéis, bares e restaurantes. Mas as demais vilas – Vietri
Sul Mare, Cetara, Maiori, Tramonti, Minori, Ravello, Scala, Atrani, Amalfi,
Conca dei Marini, Furore e Praiano – também são lindas. Eu fiquei hospedada na região
de Praiano, num hotel chamado Margherita.
As acomodações na Costa
Amalfitana são bem caras. Depois de fazer muita pesquisa eu consegui chegar num
meio termo e acabei reservando um quarto clássico no hotel Margherita por
aproximadamente 130 euros a diária.
O hotel não era, assim,
exatamente o que parecia nas fotos do site e nem mesmo nas fotos do tripadvisor.com.br/ - ele está
classificado em 2º lugar no ranking dos hotéis em Praiano. A recepção do
hotel é simples e se mistura com a área de café da manhã. A piscina do hotel é
bem pequena, nada atraente e praticamente inutilizada pelos hóspedes. Os
quartos são bons e limpos, mas eu achava que era mais charmoso. O terraço do
hotel, onde fica o restaurante, que por sinal era ótimo e com um preço razoável, é uma área bem
agradável com uma vista estonteante. Ah, eles servem uma taça de espumante de
cortesia antes das refeições. Um mimo! Os donos do hotel, Suela e Andrea, bem
como todos os funcionários são extremamente simpáticos e prestativos. Enfim, no
final, valeu a pena.
Para se locomover na Costa
Amalfitana, alugue um scooter! Amalfi é uma região onde as estradas são muito (muito
mesmo!) estreitas e curvilíneas. Acho que o scooter dá mais mobilidade e, além
disso, facilita na hora de estacionar, já que não há muitos estacionamentos nas
praias e nas vilas.
Há também algumas linhas de
ônibus que circulam por toda região de Amalfi e que você pode utilizar para se
locomover, entretanto a minha experiência com o ônibus não foi muito legal.
Eu e meu marido resolvemos no
segundo dia ir de ônibus para uma praia chamada Arienzo. Pegamos o schedule do ônibus pra saber exatamente
a hora em que ele passava no ponto da praia para voltarmos ao hotel. A praia
fica a exatos 269 degraus abaixo da estrada. Todas as praias lá são assim. É
cansativo às vezes subir um monte de degraus depois de um dia regado a sol e
vinho, mas vale a pena o esforço. As praias normalmente são paradisíacas, têm
águas calmas e cristalinas.
Esse dia foi uma delícia! O mar
estava calmo, a água era de fato cristalina, mas não tinha areia, eram pedras e
cascalhos. Havia um restaurante na praia, que oferecia espreguiçadeiras e
guarda sol. Tomamos vinho rosé, comemos uns aperitivos, demos vários mergulhos
no mar, almoçamos e até cochilamos.
Ao acordar, olhei no relógio e
levei um susto. Já eram 16h30min e o ônibus iria passar às 16h45min. Nós
subimos mais de duzentos degraus num fôlego só e, quando chegamos ao ponto, o
ônibus tinha acabado de passar.
Resolvemos então descer novamente
todos aqueles degraus até a praia para dar o último mergulho e esperar o próximo
(e último!) ônibus às 17h45min. Às 17h20min mais ou menos, nós já estávamos
subindo a escada. Chegamos ao ponto com antecedência, mas ficamos esperando um
bom tempo. Dessa vez o ônibus não passou na hora marcada.
Por volta das 18h avistamos o
ônibus contornando as curvas da exígua estrada. Fizemos sinal, mas ele não
parou, o motorista balançava a cabeça negativamente, querendo dizer que estava
lotado.
Sem saber o que fazer para voltar
ao hotel, apelei para o meu jeito cara de pau. Avistei do outro lado da rua uma espécie de oficina mecânica onde se encontravam um
senhor e uma senhora.
Fui até eles e pedi o telefone emprestado para ligar para o hotel para que
eles mandassem um táxi buscar a gente. O senhor, meio carrancudo, foi falar com
a senhora. Eu tinha certeza que eles não iriam me ajudar, mas, para minha
surpresa, ele voltou dizendo que aquela senhora, que era sua irmã, Signora Maria, nos
daria uma carona até o hotel. Não hesitamos, afinal, o que poderia haver de mal
naquilo?
Entramos no carro, era um Fiat 147,
bem antigo. Eu sentei no banco do carona e meu marido sentou atrás. Peguei o
cinto de segurança, mas ele não travava. A senhora me olhou e falou: “Non ti preoccupare.
É rotto. Tiene così. Va benne?” (Não se preocupe. Está quebrado. Segura assim.
Tá bom?).
Eu não estava nem um pouco
preocupada. Na verdade, estava achando muito engraçada toda aquela situação.
Até que a Signora Maria começou a dirigir como um verdadeiro piloto de fórmula 1. Ela
girava por aquelas curvas sinuosas, passando por ônibus, carros, motos e eu ali
paralisada no banco do carona. Só ficava olhando pela janela aquele
desfiladeiro. Jesus! – eu pensava. Mas a senhora não estava nem aí. Dirigia
normalmente. Ela estava acostumada, sem dúvida.
Conclusão: se vocês não querem
ter esse tipo de aventura, mas querem usar o ônibus, planejem o horário para
subir os degraus da praia e nunca peguem o último ônibus, que é sempre cheio.
As praias mais paradisíacas da
Costiera não são acessíveis pela terra, mas só pelo mar. Por isso, vale a pena
alugar um barco para visitar toda a costa e até mesmo ir até Capri. É um
passeio relativamente caro – aproximadamente 400 euros. Mas você pode fazer
passeios em grupos, que são mais baratos. Na Marina di Praia, em Praiano, têm algumas
empresas que prestam o serviço.
Como estávamos em lua de mel, nós
alugamos um barco só para nós dois. Fomos até Capri, passando pela Gruta Azul,
e na volta passeamos pelas praias na Costa.
Sinceramente, não vão à Gruta
Azul. Achei uma verdadeira enganação. Você chega lá, paga uns 5 euros por
pessoa pra subir num barquinho e dar uma volta de 50 metros pela gruta. O
“guia” é um italiano chato, que fala um monte de baboseiras e histórias que não
são verdadeiras e que ainda fica te pedindo gorjeta no final, em todos os
idiomas possíveis.
Também não achei que vale a pena
a visita a Capri. Pensei que lá tivessem lindas praias. Mas não tem. Só tem uma
faixa de areia em frente à Marina, que fica abarrotada. A cidade não é de fácil
circulação, porque é feita de subidas e descidas. Não comi nada de especial, porque
não tive muito como procurar. Penso que, se você quer realmente ir a Capri e
sentir a atmosfera do lugar, é bom ficar umas duas noites por lá. Aí sim dá pra
aproveitar.
Enfim, o aluguel do barco, na
minha opinião, é válido se você quer conhecer as praias que somente são
acessíveis pelo mar.
Nessa noite, resolvemos ficar pelo hotel. Antes do jantar, fomos fazer um passeio pela vila de Praiano. Subimos pela estrada até onde tinha uma praça e uma igreja, onde se reuniam os moradores para jogar conversa fora e as crianças para brincar. A vista, como sempre, era linda. Sentamos num dos bancos da praça e só observamos. É engraçado como os italianos fazem bem a divisão dos grupos das mulheres e dos homens. Cada grupo fica sentado num canto da praça conversando. Por volta das sete horas as mulheres vão para casa preparar o jantar, depois, as oito, os homens e as crianças vão para comer e, mais tarde um pouco, voltam todos para a praça. A rotina diária parece ser essa. Ô vida tranquila!
No terceiro dia, pela manhã, o
tempo não estava contribuindo, então decidimos ir a Pompeia, onde tem as ruínas
da antiga cidade que foi destruída em razão de uma grande erupção do vulcão
Vesúvio, no ano 79 D.C. Lá é possível ver pessoas e animais que foram
petrificados, por conta das cinzas do vulcão. É bem interessante!
Com o passar da manhã, o sol foi
se abrindo e começou a fazer aquele calorão de 40 graus, o que fez a gente
desistir de visitar o vulcão Vesúvio para ir à praia.
Eu me arrependi, me disseram
depois que o passeio é um espetáculo e dura uma tarde inteira. Se vocês
puderem, não deixem de ir (e me contem depois como foi!). Informações no site http://www.epnv.it/.
Nós partimos, então, de volta
para a Costiera e passamos por muitas praias até encontrarmos uma que estivesse
menos cheia. Foi quando descobrimos uma praia quase que exclusiva, bem
tranquila, com uma imensa árvore que faz uma sombra natural, com águas bem
calmas e muito cristalinas. Chama-se Marina D’albori secondo tratto. Fica entre
Vietri Sul Mare e Cetara.
Nesse dia, acabamos por beliscar
alguma coisa na própria praia, mas, sinceramente, não estava gostosa a comida, salvo pela cerveja, que estava estupidamente gelada! Então, deixem para comer depois que saírem da praia.
À noite, como disse mais acima,
se você quer badalação, vá a Positano. Nós fomos lá uma noite e foi muito
legal!
Estacionamos o carro bem perto da
estrada e resolvemos descer pelas ruas até acharmos um restaurante legal para
comer. Foi quando uma típica senhora italiana, bem sorridente e falante, natural
de Salerno, provavelmente percebendo o quão perdido a gente estava, nos abordou
para dar dicas de restaurantes e nos convidar para irmos com ela a pé até a
pizzaria que procurávamos. Foi uma caminhada inusitada e muito divertida. A
senhora se apoiou no braço do meu marido e começou a contar toda a história da
vida dela. Ela era uma verdadeira nonna. Senti saudades das minhas avós.
A pizzaria que escolhemos se
chama Saraceno D’oro. Na verdade, é um restaurante, que oferece pratos e
pizzas. O jantar foi uma delícia e não foi muito caro! Vale a pena conferir e provar o gelato de limão siciliano servido dentro
de um limão siciliano. Divino! Mas se você não quer comer pizza, eu indico a
Trattoria La Tagliata. As
centenas de avaliações excelentes no tripadvisor.com.br/
já dizem tudo! O La Tagliata
também faz as vezes de hotel e seus quartos parecem ser bem legais.
Nossa viagem, na Costa Amalfitana terminou nessa noite. No dia seguinte, bem de manhã, seguimos para Roma (em breve trarei dicas valiosas de lá!). Fui embora com uma sensação de estar deixando para trás a vida que eu gostaria de levar até morrer.
Resumindo: a Costa Amalfitana é o
verdadeiro lugar onde você pode desfrutar o dolce far niente.
Quer coisa melhor que isso?
Hotéis:
http://ilsanpietro.it/
(pra quem não quer economizar com hotel)
Sites úteis:
http://www.latagliata.com/
A vista do terraço do hotel.
Praias exclusivas acessíveis apenas pelo mar.
Praias exclusivas acessíveis apenas pelo mar.
Praias exclusivas acessíveis apenas pelo mar.
Por do sol nas estreitas estradas da Costiera Amalfitana.
Senhoras jogam conversa fora na piazza.
Senhores falam baboseiras a espera da hora do jantar.
Pessoas petrificadas em Pompeia.
Pessoas petrificadas em Pompeia.
Marina D'albori - secondo tratto.
Sorve de limão siciliano no limão siciliano. Delícia!
Um comentário:
Oi Sylvia!
Obrigada por ter passado lá no blog. E que bom que as dicas de Arizona te ajudaram! Eu gosto muito de usar dicas de blogs de viagem quando planejo minhas férias e achei tão pouca informação sobre Grand Canyon/Arizona, que tive que escrever mais do que o normal ;) Bom saber que tem ajudado os leitores do blog.
E concordo com você: O bom mesmo é viajar! :)
Beijinhos e bom final de semana!
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